SELMA ISA
Consultora CLUB sobre Logística Urbana
Equipe CLUB

Já teve a experiência de ver um caminhão fazendo entregas em algum estabelecimento e atrapalhando o trânsito? Por outro lado, alguma vez se sentiu prejudicado com a indisponibilidade de produto por atraso de entrega? Ou consegue se imaginar sem ter a comodidade de ter produtos acessíveis em lojas e supermercados próximos à sua residência?

Pois é, quando se trata de Logística Urbana, estamos lidando com um problema complexo, pois de um lado temos a demanda por comodidade, por outro lado temos o inconveniente que o abastecimento dos produtos traz para o trânsito. Na Logística Urbana temos diferentes atores envolvidos, como a indústria, que produz e precisa disponibilizar os produtos para os consumidores; o comércio, que realiza a venda ao consumidor e que demanda de seus fornecedores entregas cada vez mais frequentes e em menor quantidade; os consumidores que demandam aos produtos; os transportadores que realizam as entregas, o poder público que regulamenta a circulação e as áreas de carga&descarga e a população local que é impactada tanto positivamente pelo desenvolvimento econômico, como negativamente pela degradação do meio-ambiente causada pelos congestionamentos, ruídos, emissões de poluentes e acidentes de trânsito.

Portanto, se faz necessária uma análise conjunta, das Dimensões Econômicas, como os custos dos serviços logísticos que compõem os preços dos produtos; as Sociais, como a comodidade de ser viver em centros urbanos, mas também os problemas associados aos congestionamentos e acidentes de trânsito; e por final, as Ambientais, que afetam a qualidade de vida da população como a qualidade do ar e a poluição sonora e visual.

Trazendo para a discussão alguns números, mais de 80% do PIB mundial é gerado nas cidades [1]. No entanto, em 2015, a Organização Mundial da Saúde estimou que mais de 7 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência da poluição do ar [2]. No estado de São Paulo, estima-se que a poluição do ar por particulados (emitidos principalmente pelos veículos movidos a diesel, com grande participação dos caminhões) é responsável pela morte de 31 pessoas por dia! [3]. E na cidade de São Paulo, é estimado que o custo com o trânsito supere 5% do PIB.[4]

A conscientização de que a poluição e os congestionamentos geram perdas para todos tem sido a motivação para algumas mudanças significativas em todo o mundo no que se refere à organização do acesso a veículos particulares e de carga: controle de fluxo ou qualidade do ar, como os pedágios urbanos, estacionamentos rotativos, restrição de circulação de veículos movidos a diesel em determinadas regiões, entre outros exemplos. Para cada centro urbano é necessário avaliar quais iniciativas são as mais adequadas e esta análise precisa ser feita em conjunto com os atores envolvidos.

Concluindo, temos que é fundamental para o desenvolvimento de centros urbanos sustentáveis avaliar em conjunto as Dimensões Econômicas, Sociais e Ambientais, desenvolver um bom Planejamento de Transportes e ter alinhamento e comunicação entre o poder público, o setor empresarial, a comunidade e organizações relacionadas.

[1] Urban Development. Acessível em: http://www.worldbank.org/en/topic/urbandevelopment/overview .

[2] https://nacoesunidas.org/oms-poluicao-do-ar-provoca-morte-de-mais-de-7-milhoes-de-pessoas-por-ano/

[3] http://www.saudeesustentabilidade.org.br/wp-content/uploads/2017/08/Cetesb_Saude_FINAL_4_WEB.pdf

[4] https://www.firjan.com.br/publicacoes/publicacoes-de-economia/o-custo-dos-deslocamentos-nas-principais-areas-urbanas-do-brasil.htm