SELMA ISA
Consultora CLUB sobre Logística Urbana
Equipe CLUB

Falando um pouco sobre uma área extremamente importante, inclusive nessa época de pandemia, já pensou nas dificuldades da logística humanitária para atender populações que acabaram de passar por um terremoto, inundação, deslizamento de terra ou pandemia?

Em primeiro lugar, o que é a Logística Humanitária?

Ela é definida como “o processo de planejamento, implementação e controle de fluxo e armazenamento de bens e materiais de forma eficiente e econômica, bem como das informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo com o objetivo de aliviar o sofrimento das pessoas vulneráveis. A função abrange uma série de atividades, incluindo preparação, planejamento, compras, transporte, armazenamento, rastreamento e desembaraço aduaneiro”[1].

No que ela difere da logística tradicional?

As características principais que diferem das operações tradicionais são:

  • Urgência, onde o tempo de resposta pode significar salvar vidas;
  • Recursos humanos, financeiros e de infraestrutura limitados;
  • Alto nível de incerteza com relação à demanda, população afetada, produtos necessários, facilidade para acessar a área afetada;
  • Objetivos conflitantes entre os stakeholders (doadores, agências humanitárias, beneficiários, governo, mídia) e diferentes níveis de comprometimento;
  • Ambiente político que regula a forma de atuação da assistência humanitária. [2]

Cada situação de emergência demanda um tipo de assistência, mas no caso de grandes desastres, organizações humanitárias internacionais procuram enviar produtos para a população afetada em menos de 72 horas. Mas qual é a estrutura que suporta estas operações?

No caso do WFP (World Food Programme – Programa Mundial de Alimentos), a maior organização humanitária prestando assistência alimentar em emergências e trabalhando com comunidades para melhorar a nutrição e aumentar a resiliência, é utilizada uma rede de suprimentos global, centros de distribuição e diferentes modos de transporte (aviões, helicópteros, navios, caminhões e até veículos anfíbios), para atingir regiões com as mais diferentes condições de acesso.

Em 2018 o WFP entregou 3,9 milhões de toneladas de alimentos para 93 países, por ar e por terra.  O WFP conta com áreas específicas que realizam as aquisições de produtos, planejamento logístico, entre outros e também contam com as operações do:

  • UNHAS (United Nations Humanitarian Air Service) para vôos para funcionários e para cargas leves;
  • UNHRD (United Nations Humanitarian Response Depot), com armazéns localizados perto de áreas propensas a desastres e de fácil acesso a aeroportos, portos marítimos e estradas principais. Os locais são: Accra (Gana), Brindisi (Itália), Dubai (Emirados Árabes Unidos), Cidade do Panamá (Panamá), Kuala Lumpur (Malásia) e Las Palmas (Espanha).
  • Logistics Cluster, cujo papel é fornecer coordenação de atividades logísticas para a resposta humanitária e gerenciamento de informação para apoiar a tomada de decisões operacionais durante o ciclo de resposta.

Os serviços são prestados para todo o WFP e para as outras agências da ONU.  Por exemplo, o UNHRD, através do Centro Logístico Regional de Assistência Humanitária (CLRAH) ou Hub Humanitário no Panamá, enviou produtos para países da América Latina e Caribe, inclusive para o combate ao Covid-19, que incluem materiais para profissionais da saúde, como máscaras, luvas, aventais, óculos e desinfetantes. O objetivo é que o carregamento humanitário chegue ao seu destino em até 48 horas após a solicitação.[3]

Para mais informações, acesse o site do World Food Programme e saiba mais sobre os processos de Supply Chain aqui.

 

[1] From Logistics to Supply Chain Management: the path forward in the humanitarian sector, Fritz Institute, 2005. Disponível em: http://www.fritzinstitute.org/PDFs/WhitePaper/FromLogisticsto.pdf

[2] Van Wassenhove,L. e Tomasini, R. Humanitarian Logistics, Palgrave Macmillan, 2009.

[3] https://www.wfp.org/news/un-response-depot-pivotal-dealing-covid-19-latin-america-and-caribbean