GIULLIANE FIORAVANTI
Inovação e Empreendedorismo Startup
Equipe CLUB

Todos concordamos que uma pandemia coloca uma enorme pressão sobre os cidadãos, governos, serviços de saúde e empresas em geral. E ela leva muitas vezes a respostas desorganizadas e equivocadas, que afetam diretamente a população, e podem culminar em resultados desastrosos.

Não é fácil gerenciar gabinetes de crise e tomar uma ação com resultados rápidos e assertivos frente a contextos de tamanha emergência.

Obviamente, um dos motivos principais da complexidade para a tomada de decisão e desenvolvimento de estratégias e soluções durante uma pandemia deve-se ao fator “tempo”;  já que vidas estão em risco, e estamos correndo contra o relógio.

Adicionalmente, a diversidade e a complexidade dos atores (“Personas”) envolvidos em todo o ecossistema de impacto da pandemia também é um fator bastante crítico. Porém, muitas vezes, isso acaba sendo negligenciado.

População, médicos e profissionais da saúde da linha de frente, pesquisadores, cientistas, governadores e prefeitos, lideranças regionais e iniciativa privada, serviços essenciais, entre outros: cada um deles com suas necessidades, anseios e riscos. Portanto, entender profundamente a cada uma dessas “Personas” é fundamental para o desenvolvimento de estratégias e soluções mais efetivas.

O papel do Design Thinking

Por isso, hoje eu gostaria de escrever um pouco sobre uma metodologia que nos auxilia nesse processo de aprofundamento e entendimento de “Personas”: o Design Thinking.

Design Thinking  é uma metodologia baseada em um  processo iterativo, no qual procura-se entender profundamente as pessoas envolvidas no processo, testar hipóteses e redefinir problemas, na tentativa de identificar estratégias e desenvolver soluções mais assertivas.

De acordo com o expert em Design Thinking, Miklos Philips, Design Thinking é uma metodologia que combina o que é desejável do ponto de vista humano, com o que é tecnologicamente viável e economicamente viável. Essa metodologia é útil para resolver problemas complexos e pouco definidos, entendendo as necessidades humanas.

O processo de Design Thinking em 6 etapas:

6 etapas do Design Thinking

  • Empatia: essa etapa começa com uma profunda compreensão das necessidades de todas as “Personas” envolvidas no processo que está sendo analisado e também na compreensão de todos os processos que estão em torno das mesmas.

 

  • Definição: durante esta etapa, deve-se filtrar as informações colhidas na fase de Empatia e focar nas informações que realmente aportem valor à decisão/solução. Juntamente a isso, são definidos todos os  problemas que necessitam de solução.

 

  • Ideação: após entender as necessidades e os problemas dos usuários, é possível passar à etapa de criação de idéias que resultam no desenvolvimento da solução. Para isso é preciso realizar uma junção de idéias, por técnicas como o Brainstorming, assim o grupo de Design Thinking reúne as melhores idéias, estimulando o processo criativo

 

  • Prototipagem: nesta fase é que começa efetivamente a concretização das idéias, pelo desenvolvimento do produto/solução com as características planejadas, ou seja, o protótipo. Com o protótipo, é possível reconhecer, em termos práticos, se o produto/solução oferece aquilo que os usuários realmente necessitam ou se apresentam outros problemas.

 

  • Teste/Implementação: após a criação de um protótipo é que se chega a esta fase final, onde é possível testar com rigor o produto/solução a ser adotada, focando nos benefícios que o mesmo oferece para o usuário. O processo de teste pode não ser o fim, já que podem ser identificados novos problemas, voltando à etapa de definição de problemas até a implementação.

 

Resumindo, com as etapas de empatia e definição, podemos entender pessoas e o problema; com ideação e prototipagem, podemos explorar a maneira mais aderente e custo-efetiva para desenvolver uma solução; e com testes e implementação, podemos refinar e fornecer uma solução eficaz.

Para os governos, tomadores de decisão e empresas no enfrentamento de uma pandemia, o Design Thinking possibilita o entendimento profundo das “Personas” que integram o ecossistema de impacto, aportando grande valor no desenvolvimento de soluções e estratégias, e mitigando impactos mal calculados; pois leva em consideração, de maneira exaustiva, a necessidade humana.

Além disso, a metodologia apóia o desenvolvimento de protótipos, e o teste de potenciais soluções, de maneira mais efetiva, antes da implementação em massa.

O Design Thinking no cenário pós-pandemia

Com o Covid-19, são evidentes as mudança no comportamento de consumidores e empresas. O mundo se digitalizou. As entregas de mercadorias são “contactless”. O trabalho remoto está sendo incentivado, a lucratividade das companhias aéreas está sendo afetada pela baixa ocupação de assentos, as cadeias de suprimentos estão sendo interrompidas globalmente e as lojas de varejo ficaram sem produtos como carne, álcool em gel e papel higiênico.

Algumas dessas mudanças são respostas diretas e de curto prazo à crise, e voltarão a níveis regulares quando o Covid-19 terminar. Porém, outras mudanças permanecerão. E outras soluções terão de ser repensadas para atender à nova realidade.

É preciso ter em mente: nós todos não somos mais os mesmos. Portanto, cabe a nós, designers e inovadores por natureza ou profissão, nos atermos ao Novo Homem pós – COVID-19, e desenharmos soluções primordialmente para atender às suas necessidades.

Estou cada dia mais certa de que a metodologia de Design Thinking nos auxiliará no processo de aprofundamento e entendimento desse Novo Homem e o  “Novo Normal” pós COVID.

No próximo artigo, trarei um exemplo prático do uso da metodologia de Design Thinking aplicada à Logistica Urbana pós-COVID.

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