ORLANDO FONTES LIMA JÚNIOR
Professor Titular da UNICAMP

Coordenador do LALT (Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes)

Até há algum tempo, o virtual ficava confinado à telinha da televisão: primeiro em preto e branco, depois colorido e agora até tridimensional. Os anúncios começaram a se misturar com as arquibancadas nos campos de futebol e aos desfiles de escola de samba. O virtual também foi para o computador, criou até mundos paralelos (secondlife.com) e agora se mistura na realidade. Quem não se lembra das pessoas parando carros nas ruas para “pegar” Pokemons?

Para discutir um pouco como estas tecnologias podem afetar a Logística e Supply Chain, temos que entender o que é Realidade Aumentada (AR Augmented Reality) e no que difere da Realidade Virtual (VR).

Realidade Aumentada

A Realidade Aumentada AR é construída a partir de uma combinação de imagens reais, com elementos virtuais (som, vídeo, gráficos ou dados GPS) criados por computador. Na maior parte das vezes a AR é oferecida em tempo real e é utilizada tendo o ambiente físico como pano de fundo. Já a Realidade Virtual VR utiliza-se de elementos retirados da realidade física e cria um ambiente que substitui o mundo real por uma simulação do mesmo em ambiente totalmente virtual. O conceito que está por trás destas tecnologias é a realidade mediada por computador, onde uma visão da realidade é modificada (diminuída, aumentada ou recriada) por um computador.

Com a ajuda da tecnologia AR (por exemplo, adicionando visão de computador e reconhecimento de objetos), as informações sobre o mundo real envolvem o usuário e se tornam interativas e manipuláveis ​​digitalmente.

Para viabilizar a aplicação destes conceitos um conjunto de acessórios e ambientes vem sendo desenvolvidos. Em termos de acessórios já são bem comuns os wearables (tecnologia para ser vestida) encontrados disponíveis em forma de relógios, óculos, luvas, anéis, palmilhas, fones e pulseiras. Destaque para os chamados óculos inteligentes, que além de serem uteis para a Realidade Virtual, permitem operar na Realidade Aumentada. Na ponta dos lançamentos estão chegando as lentes de contato que permitirão as mesmas funções. Aguarde para breve. Cabe destacar que um problema que tem inviabilizado a disseminação no uso destes óculos tem sido o desconforto físico que os usuários têm após o uso contínuo dos mesmos, semelhantes a que algumas pessoas têm nos cinemas 3D.

Aplicações variadas

Além dos acessórios, existem alterações que podem ser feitas no ambiente para incorporar elementos de realidade aumentada. Por exemplo, espelhos que simulam cortes de cabelo e tipos de maquiagem em quem se visualiza neles. Já estamos bastante acostumados com as salas de videoconferência, mas agora estão chegando os centros cirúrgicos com participação de médicos remotamente e os espaços de armazenagem para treinamento e experimentação de novas operações equipados com realidade aumentada. Destaque para os vidros dianteiros de automóveis e caminhões que podem incorporar informações de funcionamento do veículo, da rota e da programação de entregas prevista.

Desta forma, unindo softwares e hardware adequados começam a surgir aplicações bem interessantes como o provador de roupas virtual, o supermercado onde você escolhe os produtos sem sair de casa e pode inclusive aperta-los, a escola que só existe no mundo virtual com professores e alunos reais E se você gosta de vídeo game deve estar muito feliz pois é neste segmento que estão ocorrendo as maiores inovações.

Impactos na Logística e no Supply Chain

Na logística e no Supply Chain Management os usos estão chegando já há algum tempo.

Dentre outros usos da Realidade Aumentada destaca-se: pick by vision para facilitar a localização de produtos em prateleiras, o  planejamento de armazéns e centros de distribuição feitos de forma interativa e otimizada a partir de imagens reais tratadas por softwares de otimização de uso do espaço, a verificação de mercadorias e de pedidos já embarcados, coletas e entregas com visualização dos locais  na  rua por óculos especiais ou sinalizados no vidro do veículo, apoio ao atendimento pós venda e manutenção  durante o reparo de equipamentos onde o técnico pode visualizar e receber orientações quanto aos procedimentos a serem adotados e a identificação espacial do defeito na máquina quebrada.

Nesta tecnologia ainda tem muita aposta, mas pouco uso efetivo. Vale a pena ficar atento.