GIULLIANE FIORAVANTI
Inovação e Empreendedorismo Startup
Equipe CLUB

Hoje iremos falar do Design thinking e como ele pode ser aplicado ao universo da Logística brasileira.

Conforme já discutimos anteriormente em um outro artigo do blog, o Design Thinking é uma metodologia baseada em um  processo iterativo no qual procura-se entender profundamente o usuário, desafiar hipóteses e redefinir problemas, na tentativa de identificar estratégias e soluções alternativas, que podem não ser aparentes com um nível inicial de entendimento.

Fazendo um panorama da situação da Logística brasileira e dos principais desafios do setor, primeiramente não podemos deixar de citar que a Cadeia de Transporte de carga no Brasil é marcada por uma diversidade de players e, principalmente, falta de confiabilidade entre os elos.

O universo da Logística brasileira é muito grande, e conta com dezenas de milhares de empresas operando com sistemas distintos que não se comunicam. Processos antiquados e desatualizados mantêm muitas empresas no escuro, impedindo-as de competir efetivamente em um mercado extremamente competitivo, deixando claro a urgência de uma Transformação Digital do setor.

A falta de transparência causa falta de confiança entre as empresas. As mesmas ineficiências tornam o trabalho dos motoristas de caminhão difícil e seus rendimentos abaixo de suas necessidades.

Além disso, o meio-ambiente também sofre, pois muitos quilômetros percorridos por caminhões vazios, somam uma quantidade enorme de CO2 desnecessariamente lançados na atmosfera.

Figura 1: Elos típicos da cadeia de transporte rodoviário de carga no Brasil

Mas afinal, como o Design Thinking poderia ajudar no processo de Transformação Digital da Logística Brasileira?

O processo “Design Thinking” começa com uma profunda compreensão “das personas” dos processos e e seus “pain points”, ou dores; e também na compreensão de todos os processos que  estão em torno dessas “personas”.

Para exemplificar como o Design Thinking pode aportar valor a Logística Brasileira, relatarei uma experiência real de implementação de Design Thinking no setor de Logística americano, realizada pela gigante IBM nos Estados Unidos.

A IBM desenvolveu uma metodologia própria de Design Thinking, e nos últimos anos lançou um mini programa de incubação de empresas nos Estados Unidos, aplicando a metodologia de Design Thinking em empresas que estivessem passando por um processo de Transformação Digital. Como não poderia deixar de ser, empresas do setor de Logística foram umas das primeiras selecionados pela IBM.

O mini-projeto de incubação da IBM e a aplicação da metodologia Desing Thinking no setor de Logística americano foi dividido em 5 etapas:

  • Compreensão profunda do setor, seus processos e desafios
  • Entrevista com os atores principais para desenvolver empatia
  • Desenvolvimento do Mapa de Empatia
  • Definição do Problema e Ideação da Solução
  • Desenvolvimento do Protótipo e Teste

Na primeira etapa do projeto liderado pela equipe da IBM junto às empresas, os designers entraram em ação para compreender profundamente a complexidade do setor de Logística das empresas selecionadas. Na foto abaixo, a equipe de designers está mergulhando no setor da Logística para compreensão de seus desafios.

Figura 2:  Compreensão profunda da Logística e seus desafios

Na etapa 2 do projeto, foi realizada uma pesquisa com usuários finais para construir uma compreensão mais profunda e desenvolver empatia. Na foto abaixo, a equipe de designers está entrevistando alguns profissionais da indústria de caminhões.

Figura  3- Entrevista com os atores para desenvolver empatia

Após a fase de entrevista, era preciso desenvolver a empatia entre os designers e os atores do setor. Para isso, os designers iniciaram um processo extensivo de  entrevistas com os profissionais das empresas para identificar as personas dos processos e criar os “Empathy maps” (mapas de empatia).

Os mapas de empatia, são ao meu ver, o grande diferencial de todo o processo do Design Thinking, e caberia um artigo meu exclusivo sobre isso. Os mapas ajudaram a fundamentar a equipe de designers da IBM, sobre o que cada tipo de ator FAZ, PENSA, SENTE E DIZ, para aprofundar e entender melhor as dores e os detalhes do negócio.

Figura 4 – Desenvolvendo empatia

Figura 5 – Construção dos “Empathy Maps”

Após a equipe de Design Thinking dissecar o setor de Logística em pedaços e entender profundamente as personas e os processos das empresa, era a hora da validação e priorização dos problemas a serem atacados para em seguida iniciar a fase do desenvolvimento e teste do protótipo.

Figura 6 – Alinhamento das equipes de design e desenvolvimento em torno dos objetivos mais importantes a serem alcançados pelo projeto.

Segundo Leo Shrayber, CEO da TruckTrust –  uma startup de Logística selecionada para participar do projeto de Incubação, o mini-projeto da IBM durou apenas um mês, e produziu mais da metade de todos os “wireframes”  necessários para um protótipo de produto para a Transformação Digital da Logística da sua empresa.

Na foto abaixo, vemos um protótipo de uma plataforma de fretes, que está atualmente em desenvolvimento, resultante da implementação do Design Thinking aplicado a Logística.

Figura 7 – Protótipo de uma plataforma Digital de Fretes – TruckTrust – desenvolvido utilizando a metodologia de  Desing Thinking IBM

Muito mais profundo e completo que o  Mapeamento ou Reengenharia de Processos convencional, o Design Thinking nos possibilita quebrar paradigmas e derrubar barreiras. Além disso, ele nos permite construir uma solução sólida e eficaz que ataque os verdadeiros problemas, já que não se baseia apenas na percepção de alguns atores ou da equipe do projeto, ou em melhores práticas ou soluções prontas.

À primeira vista, o Design Thinking pode parecer algo complexo. Mas não é!  E o melhor de tudo, quando essa metodologia é devidamente executada, ela traz impactos profundos e duradouros, e pode ser realmente um divisor de águas para a Transformação Digital da Logística brasileira.