ORLANDO FONTES LIMA JÚNIOR
Professor Titular da UNICAMP

Coordenador do LALT (Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes)

As operações logísticas de baixo contato eram uma tendência tímida antes da pandemia do Covid 19. Sua adoção cresceu muito nos períodos de isolamento com a preocupação de transmissão de vírus através do contato ou da interação entre pessoas.

O “delivery”, o “drive through” e a “vending machine” já eram conceitos bem difundidos. Exemplos representativos destas tendências são vários. Ifood e Rappy com “deliveries”, McDonald e Burguer King com “drive through” e as “vending machines” dos refrigerantes

Em uma outra via, o “e-commerce” vinha crescendo muito, e só aumentou com a pandemia. As soluções de “no contact shopping” já estão difundidas e bem consolidadas. Como é o caso dos “marketplaces” (Magalu, Amazon), das lojas virtuais (Netshoes, Ponto Frio, Saraiva) e dos buscadores de preços (Buscapé, Google Shopping).

A pandemia criou condições para uma inovação disruptiva de rápida adoção, e temos hoje um significativo aumento destas soluções que fazem parte da chamada economia de baixo contato.

Quero chamar atenção para uma coisa que nem todos estão percebendo: a retomada da posição estratégica para a Logística e Supply Chain.

A década de 1990 foi o auge da importância da Logística e do Supply Chain como fator crítico de sucesso para as empresas. Depois disso, com o crescimento e a melhoria da qualidade de serviços deste setor, aos poucos, estes serviços foram virando commodities e, consequentemente, perdendo a importância competitiva. Se em 1990 uma empresa ganhava mercado pelos serviços logísticos que dispunha, em 2000 seu concorrente podia contratar um operador logístico, muitas vezes o mesmo, e oferecer serviço semelhante. Este fato foi reduzindo a importância competitiva deste setor, sem reduzir suas taxas de crescimento, num claro processo de “comoditização”, com grandes volumes e preços baixos.

Com a pandemia, as coisas mudaram. A Logística e o Supply Chain voltaram com toda a força como fator crítico de sucesso para as empresas. As cadeias globais com alta resiliência passaram a ser essenciais para as operações globais, tanto dos produtos médico-hospitalares como demais mercadorias. No caso das operações locais, foi a logística de baixo contato que passou a ser o fator diferencial para o B2C.

Mas o que é a logística de baixo contato? É a logística que opera sem ou com mínimo contato entre pessoas, tanto nas operações de retaguarda quanto na entrega ao cliente. O uso de lockers para entregas é um bom exemplo, pois o entregador coloca em um armário o produto e depois em outro momento o cliente retira de lá sem nenhum contato físico entre entregador e cliente. Este exemplo atende em parte o conceito, pois existe ainda, na retaguarda, uma série de operações com este produto que precisariam ser realizadas sem ou com o mínimo contato humano possível.

A demanda é crescente por serviços deste tipo. O desafio é como implementá-los sem aumento de custos ou redução do nível de serviço. No próximo artigo vamos discutir como fazê-lo.