ORLANDO FONTES LIMA JÚNIOR
Professor Titular da UNICAMP

Coordenador do LALT (Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes)

logística que opera sem ou com mínimo contato entre pessoas, tanto nas operações de retaguarda quanto na entrega ao cliente, é uma oportunidade na retomada dos negócios pós-quarentena. Seus clientes e seus funcionários retornarão às atividades com a preocupação de transmissão de vírus através do contato ou da interação entre pessoas.

O delivery, o drive through e as vend machine já são operações bem difundidas e você provavelmente as utilizou durante o isolamento.  Deve também ter feito compras através de algum marketplace como a Magalu ou a Amazon ou diretamente em uma loja virtual selecionada por um buscador de preços como o Google Shopping, e se recebeu de forma rápida e confiável deve ter ficado muito satisfeito.

Estes processos vieram para ficar e existem vários outros que, se bem implementados, reduzem custos, aumentam o nível de serviço e, o mais importante, garantem a não contaminação.

Soluções deste tipo já se transformaram no diferencial competitivo do novo normal. O melhor de tudo é que a maioria destas soluções são simples e de baixo custo. Algumas utilizam tecnologia intensiva e outras demandam apenas reorganização de lay outs e de processos. Exemplos destas praticas são listadas a seguir:

Lockers (armários) para entregas onde o entregador coloca o produto e depois, em outro momento, o cliente retira de lá sem nenhum contato físico. Este conceito pode ser utilizado também em linhas de produção e de montagem e nas entregas B2B.

Nano transit point, que substitui a entrega manual de produtos por um pequeno espaço reservado para ser depositado o produto por um entregador e depois mantidas as distâncias seguras ser retirado pelo destinatário. Solução semelhante ao Locker, só que individualizada e em operações onde não existe problemas de segurança e extravio.  Por exemplo, colocar um banquinho na porta da casa e pedir para o entregador de pizza deixar ali o pedido e ficar dois metros distantes. Nas linhas de produção pode-se utilizar bancadas ou espaço porta-pallets para depositar estoques em trânsito na logística inbound e cumprir as distâncias seguras.

Safety delay: na maior parte das superfícies o vírus não sobrevive após 72 horas (papelão 24h, aço, plástico e madeira 72h, cobre 4h, segundo a FioCruz), portanto se deixarmos por um período a mercadoria estacionada podemos utilizá-la depois, sem preocupação de contágio.  Nas operações de retaguarda, dependendo do giro do produto, aumenta o nível de estoque, mas às vezes compensa pela redução nos custos de prevenção e desinfecção, principalmente em operações de reposição contínua.

Self service operation, onde o próprio cliente faz a sua operação de picking e carregamento ou de compra sem a presença física de funcionários. Isto pode ser conseguido pelo uso de câmeras e outros sistemas como pagamento wireless.

Espaços certificados por empresas especializadas idôneas que dão a garantia que locais, equipamentos e pessoas não estarem infectados com o Covid-19

Pit Stop Point, onde você para o veículo e o produto é colocado no porta-malas ou no compartimento de carga sem interação física do motorista.

Delivery, entrega direta individualizada feita por motoboy ou ciclista

Drive through, onde você passa de carro e compra sem descer

Drive in, onde você realiza o serviço sem sair do veículo em um tempo de permanência maior que o Drive Through, por exemplo, para assistir a um filme comendo pipoca.

Vend machine, onde você interage com um depósito automático de mercadoria

Cabe destacar que estas soluções dependem do tipo de operação da sua cadeia de suprimentos. Se for uma cadeia lean, os espaços certificados mostram–se uma boa solução na maior parte das situações. Se for uma cadeia de reposição contínua, lockers e safety delay devem ser avaliados. Se for uma cadeia de resposta rápida, uma das melhores soluções é o delivery integrado a um nano transit point ou a um drive through. Agora, se for uma cadeia customizada, deve se fazer um projeto específico para ela.

Como implementar? O primeiro passo é mapear o trajeto e os processos dos clientes e dos operadores em todo o ciclo do pedido, semelhante à forma que se faz nos projetos UX (experiência do cliente) criando um mapa de valor. Pela análise deste mapa é possível identificar os pontos de contato pessoa – pessoa, pessoa – máquina e máquina – pessoa. Em seguida, são selecionados os pontos críticos de contaminação e redesenhado os processos visando minimizar estes pontos e, quando não for possível suprimi-los, realizá-los dentro dos novos preceitos de segurança (máscara, álcool em gel, luvas, banho de luz ultravioleta e vácuo negativo de circulação).

Se desejar se aprofundar no tema visite o site do LALT pois em breve vamos oferecer um curso rápido sobre como projetar estas soluções, com uma dinâmica cujo estudo de caso será a sua empresa.