SELMA ISA
Consultora CLUB sobre Logística Urbana
Equipe CLUB

Custo Social do Carbono (CSC) não é tão conhecido como as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ou mudanças climáticas. Mas acredito que iremos ouvir muito mais sobre esse tema nos próximos anos, principalmente devido à participação do setor de Transportes nas emissões de GEE.

A mudança climática é uma externalidade negativa global, sem custo econômico, resultante das emissões na atmosfera dos GEE. Sob a ótica da teoria econômica, enfrentar as mudanças climáticas requer elaborar um conjunto de políticas públicas para reduzir o impacto ou “cobrar” os emissores. Para isto, é necessário conhecer o custo econômico, social e ambiental que ocasiona a externalidade negativa da mudança climática.

Desta forma, o CSC busca representar o custo econômico ocasionado pela emissão de 1 tonelada adicional de dióxido de carbono (tCO2) na atmosfera sobre as atividades econômicas, ao bem-estar social e aos ecossistemas, ou seja, o CSC define o valor monetário do dano causado pela emissão adicional de carbono em um momento definido de tempo. (Stern, 2007; Alatorre et al., 2019)

Não há um consenso sobre o valor de 1 tCO2 devido às incertezas sobre as estimativas de emissões de GEE e, principalmente sobre as diferentes formas de quantificação monetária dos impactos da mudança climática. Recentes estimativas realizadas por cientistas climáticos calculam uma média de US$ 150 a 200 por tCO2, enquanto a EPA (US Environmental Protection Agency) estima valores entre US$ 12 a 62 por tCO2 emitido em 2020 (Ricle et al., 2018).

Outro ponto de muita discussão é que ao se analisar as emissões de GEE por país, não necessariamente o impacto da mudança climática atingirá, na mesma proporção, o país emissor. Há regiões com tendências a sofrer mais com a mudança climática do que outras, fomentando a discussão dos esforços mundiais para reduzir as emissões, independente do país.

E como está o Brasil nas emissões de GEE?

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2019, o Brasil era o 6º maior emissor de GEE, atrás apenas da China, EUA, EU, Índia e Rússia. Dos 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2 e) que o país emitiu para a atmosfera, 26% foram do setor de Energia, que abrange o Transporte, o qual representa 47% das emissões deste setor, sendo que o modal rodoviário é responsável por 91% destas emissões. O infográfico abaixo detalha as emissões brasileiras do setor de Energia.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Fonte: SEEG

Considerando que o Transporte tem uma participação significativa nas emissões de GEE do país, com a evolução das políticas públicas associadas ao CSC, é possível que no futuro a conta chegue, caso as emissões do setor não sejam reduzidas.

E infelizmente, a tendência é que as emissões de GEE e, consequentemente, o CSC aumente com o tempo. Desta forma, só nos resta trabalharmos para reduzir, cada vez mais as emissões no Transporte, quer seja através de evolução tecnológica, redução do consumo de combustíveis fósseis e/ou otimização na cadeia de suprimentos.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Referências:

Alatorre, J.E., Caballero, K.,Ferrer, J.,Galindo, L.M. (2019). El costo social del carbono: una visión agregada desde América Latina. Comisión Económica para América Latina y el Caribe

Ricke, K., Drouet, L., Caldeira, K. et al. (2018). Country-level social cost of carbon. Nature Clim Change 8, 895–900. https://doi.org/10.1038/s41558-018-0282-y

Stern, N. (2007), The Economics of Climate Change: The Stern Review. Cambridge. University Press Szpiro, G. 1986. Measuring risk aversion: An alternative approach. Review of Economics and Statistics 68 (1): 156–59.