ORLANDO FONTES LIMA JÚNIOR
Professor Titular da UNICAMP

Coordenador do LALT Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes

O primeiro assunto que vou tratar nesta série são as redes logísticas multifinalitárias (MPN Multi Purpose Networks.) Estando os veículos e armazéns adequadamente dimensionados (economia de densidade) e o nível de produção maximizado (economia de escala) como pode se ainda ter ganhos? Pela economia de escopo.

Na área de infraestrutura e de comunicações este conceito já é amplamente utilizado. Os postes das empresas de energia elétrica são utilizados pelas empresas de TVs a cabo e de telefonia com custo rateado entre elas. Outro exemplo é nas rodovias, onde uma das principais receitas das concessões rodoviárias é o aluguel do espaço dos canteiros para passagem de fibras óticas. Este uso sinérgico e complementar é denominado economia de escopo. Negócios diferentes aproveitando potenciais sinergias.

Ônibus que transportam pacotes, aviões de passageiros que carregam mercadorias, taxis que fazem entrega de produtos, redes de distribuição sobrepostas a redes de assistência técnica são aplicações relacionadas a este conceito.

Nos EUA, 40% e na Ásia 60% do fluxo aéreo é feito em aeronaves que transportam carga e passageiros de uma ou várias companhias aéreas. Estas operações são reguladas pelos Codeshare Agrément, acordos onde empresas compartilham o mesmo voo repartindo blocos predefinidos de assentos ou espaços de porões.

Racionalizamos o nosso supply chain mas não olhamos para fora da nossa caixa. Você que faz coleta e entrega urbana para sua empresa conhece as atividades que a área de assistência técnica realiza. Será que não tem sinergia entre as operações?

Uma MPN Multi Purpose Network bem concebida pode reduzir muito os custos de Supply Chain e principalmente da última milha onde armazenagem e transporte respondem por aproximadamente 80% do custo total.

A MPN Multi Purpose Network é uma evolução do Supply Chain Network (SCN) envolvendo o compartilhamento de recursos entre empresas com finalidades diferentes, mas com sinergia espaço – temporal de fluxos.

A Kimberly-Clark foi pioneira no uso deste conceito. Há oito anos, fez uma operação piloto com a Lever Fabergé (agora Unilever’s Home and Personal Care) nos Países Baixos. Nesta primeira experiência, as duas empresas fizeram entregas conjuntas aos clientes, onde cada empresa enchia metade de cada caminhão. Outros bons exemplos são as empresas de telefonia onde a mesma rede faz distribuição e assistência técnica. Outras empresas estão integrando assistência técnica e logística reversa.

Vamos ficando por aqui com uma pergunta: No seu Supply Chain existem possibilidades de ganhos com economia de escopo? Se sim, aproveite. Se não percebe, inove.

No caso da Logística Urbana as possibilidades são muitas e vão desde o uso compartilhado de instalações e de veículos a gestão e troca de informações.

Aproveite o nosso espaço para relatar experiências no uso de MPN e ideias de inovações possíveis.

Caso deseje se aprofundar no assunto sugiro:

Para projetos de MPN o livro Optimization and Logistics Challenges in the Enterprise, Editors: Chaovalitwongse, Wanpracha, Furman, Kevin C., Pardalos, Panos M. (Eds.), 2009 Springer

Para conhecer mais o caso da Kimberly-Clark, visite este site.