DANIEL ZURRON
Gerente de Logística Integrada na Kuehne + Nagel

ORLANDO FONTES LIMA JÚNIOR
Professor Titular da UNICAMP

Coordenador do LALT (Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes)

O potencial da utilização e benefícios de uma SSCT salta aos olhos, o que pode levar organizações a definir pela sua rápida implementação. No entanto é fundamental que a empresa faça um diagnóstico preciso no sentido de verificar pontos fundamentais como:

– Alinhamento à estratégia da empresa e da alta direção

– Disponibilidade de recursos técnicos competentes para avaliação das alternativas, decisão e implementação.

– Disponibilidade de recursos financeiros para implementação da estratégia definida (diferentes níveis de grandeza possíveis em função da complexidade da solução escolhida, tamanho da operação, decisão “make or buy”, etc.)

– Consciência sobre o nível atual e desejado de maturidade do Supply Chain da empresa.

O primeiro e o último ponto estão intrinsicamente conectados e cabem esclarecimentos adicionais sobre os mesmos, uma vez que são a base para a tomada de uma decisão consciente que pode ser o fiel da balança entre um projeto implementado e de grande sucesso ou uma grande decepção.

O primeiro ponto a ser considerado diz respeito ao nível de maturidade da cadeia de suprimentos da empresa. A depender do estágio em que está, pode não fazer sentido se partir para a implementação da SSCT, pelo menos não uma solução complexa, sem antes evoluir em alguns aspectos que proverão uma base mais sólida para uma futura potencial implementação, aumentando substancialmente a chance de sucesso.

A seguir uma forma simplificada de classificação de níveis de maturidade do Supply Chain de uma organização:

Figura 1: Níveis de Maturidade da Cadeia de Suprimentos de uma Empresa (Elaboração própria)

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Estágios de maturidade das cadeias de suprimentos

 Estágio 1 – Excelência funcional: esse estágio se caracteriza pelo foco na otimização dos processos dentro de cada departamento de forma isolada (vendas, compras, manufatura, logística), sem uma estratégia comum, tampouco processos e sistemas interconectados.

Estágio 2 – Integração interna: caracteriza-se pela existência de integração de processos, métricas e estratégia entre as áreas que tem interface dentro da empresa.

Estágio 3 – Integração externa: o foco passa a ser a colaboração com os principais stakeholders externos como prestadores de serviço, fornecedores e clientes. Ou seja, há troca de informações no âmbito operacional e tático em busca de uma operação mais enxuta e estável.

Estágio 4 – Orquestração: é tipificado pela existência de um verdadeiro ecossistema entre todas as empresas participantes da cadeia (tanto para cima quanto para baixo), com fluxos de informação conectados e ocorrendo em tempo real (ou com períodos de latência bastante reduzidos), permitindo visibilidade total, interoperacionalidade entre cadeias e tomadas de decisão instantâneas baseadas em fatos e predições confiáveis.

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Estágio final

O último estágio (Estágio 4) representa a próxima fronteira para que de fato se atinja o nível ideal de consolidação. O desenvolvimento dos serviços de 4PL (4th Party Logistics) através de empresas já consolidadas e novos players fundamentados em plataformas tecnológicas integradas, pavimentarão esse caminho.

Tendo consciência em que nível sua empresa está, deve-se partir para a discussão de qual o caminho a ser seguido. Perguntas como: onde queremos chegar? Por que queremos esse modelo e nível de maturidade? Quais são os ganhos esperados? Qual as dores que pretendemos resolver? Que resultados e valor real poderemos agregar à nossa empresa e aos nossos clientes? Isso será reconhecido e, eventualmente, remunerado direta ou indiretamente pelo cliente final? Como esse plano se encaixa à estratégia mais ampla da empresa?

Caso queira aprofundar-se nesta discussão, leia o nosso artigo Supply Chain Control Tower (SCCT) : O que é e como melhorar suas operações com ela, publicado na edição de janeiro de 2021 da revista MundoLogistica.